Gilda Chataignier não só entende, como ensina sobre Moda. Afinal, seu conhecimento vem do berço, pois sua família era dona de uma fábrica de tecidos. Encantada por tudo o que estava relacionado com o assunto, Gilda decidiu estudar Estilismo. Mas também se formou em Jornalismo, e sua carreira na mídia começou na parte geral do Diário de Noticias. Exceçao numa redaçao formada por homens, seu trabalho encantou até a Odina Dantas, que a convidou para ajudar na Revista Feminina, "mãe" da Revista Domingo do atual JB. Com certo charme francês e muitas matérias sobre a moda daqui e do exterior, a revista contava com fotos compradas das agências de notícias, receitas de pratos criados por famosos (como miolos de anjo que Vinicius de Moraes dedicou à ela), entrevistas com artistas consagrados, psicologia feminina, decoração, dicas para leitoras, etc. Tudo isso com uma linguagem diferente das adotadas pelas revistas e suplementos femininos da época. Quando foi para o Jornal do Brasil, Gilda assinou uma coluna com o sugestivo nome "Passarela" e passou a frequentar os desfiles de alta costura em Paris, Milao, Londres e Nova York. Em 1965 tornou-se editora de moda do JB e teve o privilégio de entrevistar celebridades, como Alan Delon (nunca se esquecerá do beijo que ganhou dele!) e Coco Chanel (!!). Em um mundo de beldades magérrimas como Gisele Bundchen, Gilda diz que a musa do cinema italiano dos anos 60, Claudia Cardinale é a mulher mais bela que já viu. Atualmente, Gilda é professora em faculdades de Moda e Design, além de dar cursos sobre a história da moda.
Tive a oportunidade de entrevistá-la quando fui sua aluna e nesse rápido bate-papo aprendi ainda mais!
A editora da Vogue Brasil, Maria Prata, declarou em seu blog que acha desnecessária a formação em Jornalismo para profissionais que queiram escrever sobre moda. Ela mesma tem curso superior apenas em Moda. O que você acha dessa discussão sobre o diploma em Jornalismo?
Acredito que aquelas pessoas que realmente tem talento acabam por desenvolve-lo com o tempo, então não acho que a formação em Jornalismo é absolutamente necessária para que alguém queira escrever sobre moda. Sou contra o famoso "QI" (quem indica), isso é chato pois dá grandes chances a pessoas que nem sempre tem vocação para a coisa.
Quem é a "It-editora de moda" no Brasil?
A Regina Guerreiro, ainda que seu texto continue o mesmo de vinte anos atrás com aquelas expressões "Ai meus sais!", "Que frisson!"...Ieda Rodrigues do JB também é excelente. Mas, em geral, acho que falta nas redaçoes de hoje em dia o "terceiro olho" do jornalista, aquele talento que o permite identificar algo novo que vai ser uma boa noticia. A globalização tem deixado tudo igual, todo mundo preguiçoso, você acessa um site, um blog e ta tudo lá. As assessorias de imprensa de algumas marcas, por exemplo, promovem mini show-rooms e os jornalistas apenas contam o que lhes foi passado, eles não correm mais atrás de pesquisar e descobrir algo novo. Acho também que o jornalista não pode ser preconceituoso e ficar só falando sobre as grandes marcas.
O que é uma pessoa estilosa?
É uma pessoa fiel a si mesma, que não se "pendura" a um modelito. Sabe sua identidade e usa o que acha melhor, aquilo que sabe que combina com ela.
Qual é o estilo do brasileiro?
Tudo é muito massificado, as pessoas tem medo de ousar, de errar, muito por conta da imaturidade. As brasileiras tem sempre cabelo muito comprido e usam microssaia com algum saltão. Na França, por exemplo, as pessoas exibem algo de pessoal, um detalhe diferente ou uma mistura de estilos e conceitos, tanto que você sai na rua e não vê todo mundo se vestindo igual como é aqui.
No Brasil o modo de se vestir, em geral, indica a classe social do individuo?
Acho que em qualquer lugar. Nos países mais desenvolvidos talvez menos porque as lojas de marca acabam sendo mais em conta, você só percebe que a pessoa é rica porque algum detalhe a denuncia. Mas em geral não há tanta distinção quanto nos países mais pobres. Aqui no Rio, por exemplo, posso dizer que os moradores da Zona Sul-Norte, Barra e subúrbios tem maneiras diferentes de se vestir.
Você acredita que a moda brasileira pode ser democratizada sem sair perdendo?
Pode mas vai levar tempo. O mundo da moda é extremamente vaidoso. As grandes marcas querem criar para um elite, o que lhes garante o tao sonhado status, atestado de sucesso. Há uma desunião muito grande entre as pessoas da moda, o que faz com que essa atividade fique fragmentada e perca seu caminho natural. Para que a moda se democratize deve haver uma melhor concepção da sociedade, da economia e dos consumidores. As classes "C" e "D" e as mulheres de meia idade são seguimentos menos glamourosos mas que também merecem se vestir bem.
Tive a oportunidade de entrevistá-la quando fui sua aluna e nesse rápido bate-papo aprendi ainda mais!
A editora da Vogue Brasil, Maria Prata, declarou em seu blog que acha desnecessária a formação em Jornalismo para profissionais que queiram escrever sobre moda. Ela mesma tem curso superior apenas em Moda. O que você acha dessa discussão sobre o diploma em Jornalismo?
Acredito que aquelas pessoas que realmente tem talento acabam por desenvolve-lo com o tempo, então não acho que a formação em Jornalismo é absolutamente necessária para que alguém queira escrever sobre moda. Sou contra o famoso "QI" (quem indica), isso é chato pois dá grandes chances a pessoas que nem sempre tem vocação para a coisa.
Quem é a "It-editora de moda" no Brasil?
A Regina Guerreiro, ainda que seu texto continue o mesmo de vinte anos atrás com aquelas expressões "Ai meus sais!", "Que frisson!"...Ieda Rodrigues do JB também é excelente. Mas, em geral, acho que falta nas redaçoes de hoje em dia o "terceiro olho" do jornalista, aquele talento que o permite identificar algo novo que vai ser uma boa noticia. A globalização tem deixado tudo igual, todo mundo preguiçoso, você acessa um site, um blog e ta tudo lá. As assessorias de imprensa de algumas marcas, por exemplo, promovem mini show-rooms e os jornalistas apenas contam o que lhes foi passado, eles não correm mais atrás de pesquisar e descobrir algo novo. Acho também que o jornalista não pode ser preconceituoso e ficar só falando sobre as grandes marcas.
O que é uma pessoa estilosa?
É uma pessoa fiel a si mesma, que não se "pendura" a um modelito. Sabe sua identidade e usa o que acha melhor, aquilo que sabe que combina com ela.
Qual é o estilo do brasileiro?
Tudo é muito massificado, as pessoas tem medo de ousar, de errar, muito por conta da imaturidade. As brasileiras tem sempre cabelo muito comprido e usam microssaia com algum saltão. Na França, por exemplo, as pessoas exibem algo de pessoal, um detalhe diferente ou uma mistura de estilos e conceitos, tanto que você sai na rua e não vê todo mundo se vestindo igual como é aqui.
No Brasil o modo de se vestir, em geral, indica a classe social do individuo?
Acho que em qualquer lugar. Nos países mais desenvolvidos talvez menos porque as lojas de marca acabam sendo mais em conta, você só percebe que a pessoa é rica porque algum detalhe a denuncia. Mas em geral não há tanta distinção quanto nos países mais pobres. Aqui no Rio, por exemplo, posso dizer que os moradores da Zona Sul-Norte, Barra e subúrbios tem maneiras diferentes de se vestir.
Você acredita que a moda brasileira pode ser democratizada sem sair perdendo?
Pode mas vai levar tempo. O mundo da moda é extremamente vaidoso. As grandes marcas querem criar para um elite, o que lhes garante o tao sonhado status, atestado de sucesso. Há uma desunião muito grande entre as pessoas da moda, o que faz com que essa atividade fique fragmentada e perca seu caminho natural. Para que a moda se democratize deve haver uma melhor concepção da sociedade, da economia e dos consumidores. As classes "C" e "D" e as mulheres de meia idade são seguimentos menos glamourosos mas que também merecem se vestir bem.